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terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que diz meu coração


"Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser o nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: “Eu sobrevivi”.

Na realidade afirmar que sobrevivi, é prematuro, devido à delicadeza do momento em constante tormenta que estou absorvendo em minha Alma.
Dos sonhos e da incrível felicidade de estar sendo amada, encontrei-me em gritos de terrror soprando em meus ouvidos ensurdecidos de mágoas e na descrença do que estava de fato acontecendo.
Abafei a dor que insistia em me arrastar correnteza abaixo, neste rio que indo ao encontro de suas cataratas lançou-me sobre pedras ásperas que rasgaram meu corpo e transformaram minha solidão em sórdida benevolência de um ser maldito, que após devorar meu sangue deixou-me à beira do abismo para que a límpida água que descia em correnteza desenfreada indo ao encontro do infinito desabrochar  da morte, fizesse do que sobrou em mim alimento para os vermes da terra .
Um braço longo e rígido agarrou-me num movimento que mal pude entender e, retirando-me ainda em  transe profundo, sem ter consciência do que de fato estava acontecendo , colocou-me sobre o chão de folhas secas, aliviando a dor das feridas espostas e do sangue que já sem força escorria entre minhas roupas  ...   
Agarrei-me a estes braços musculosas em súplicas para que a dor que eu sofria deixasse de   existir e supliquei que me matasse; sendo esta a única maneira desta mulher em leito sagrado por estar em uma floresta tropical   esquecesse o abandono e o descaso de um ser acostumado a renegar sua liberdade em  homenagem ao seu Deus onipresente e misericordioso, que a todos salvava quando praticassem o ato da justiça em seu nome.  
Não fui atendida e fiquei entregue aos disformes estados da inconsciência em fogo ardente até que as lágrimas rolassem fortemente pela face impura, marcando  seu nome e seu rosto em minha memória perdida.
Sucumbi aos seus encantos, renasci do seu amor e sobrevivi à sua morte em meu sentimento avassalador, entre trevas e sóis que queimavam e curavam todas as chagas que dominavam o meu corpo inerte a esperar pelo seu retorno, que nunca aconteceu.
No presente estou ainda vivendo a inércia da solidão, do desamparo e do descaso praticado a mim por este ditador impiedoso que brincou com minha vida, fingiu salvá-la e a abandonou  para nunca mais voltar......
                   

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