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segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Bolinha, um pássaro da terra mágica: Os 13 anos de idade"

experiência  que viveu minha amiga Teresa e um pequeno Pássaro de nome: Bolinha !


Bolinha foi uma das grandes passagens mágicas que Teresa viveu, e reviveu ao contar para mim todos os detalhes na última vez que nos encontramos em Ipanema. Foi numa quinta-feira chuvosa e fria, com um ventinho que chegava a incomodar; mas sentamos em um café aconchegante  com poucos clientes e, demos início a uma conversa animada, até que Teresa disse de uma forma muito expressiva: _ Maria, eu preciso dividir com alguém de confiança alguns problemas que estou vivendo ! Desabafou minha amiga. Foi uma surpresa para mim, pois conhecia perfeitamente o jeito centrado e responsável de minha locutora. Fui logo perguntando já por demais ansiosa qual era o motivo de tanta preocupação. Ela parou de falar, me olhou curiosa como se não  tivesse entendido minha pergunta e  deu início a uma sequência suave de gargalhadas contidas.

_ Maria, se eu contasse uma estória igual a um belo conto de fadas, ficaria em choque?
_ Não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio; retruquei.
_ Como não?! Tenho certeza que já lhe contaram que meu marido me abandonou!
_ E daí? Isso não diz respeito a mim, por mais que eu seja sua amiga. É uma intimidade sua e ninguém precisa participar  do seu sofrimento; e vou mais longe, ser sua amiga neste momento é fazer exatamente ao contrário; temos que levá-la ao teatro, cinema, caminhar pela praia todas as manhãs  e só pensar e falar de assuntos banais. Neste instante quem ficou em silêncio e sem entender fui eu, mas rapidamente organizei meu raciocínio e voltei a falar:
_ Teresa gostaria que você organizasse suas prioridades. Você está falando de um sério problema que está vivendo e me pergunta se eu ficaria em choque se me contasse um belo conto de fadas, real. Qual a ligação de uma coisa com outra?
_ No primeiro momento nada, mas se eu lhe contar uma linda estória você ligará um fato à outro.

Pedimos mais um suco e Teresa voltou a sorrir. Seu olhar era triste e brejeiro ao mesmo tempo e, como num sonho ela começou a falar lentamente e depois com muito mais vigor ganhando um ar infantil: _ Ontem à noite eu comecei a recordar minha infância, adolescência e cheguei a ficar feliz, muito feliz, esquecendo por um tempo a realidade atual. Tive a lembrança de um pequeno passarinho em minha casa durante uns 35 dias aproximadamente. Foram dias incríveis, eu tinha 13,14 anos  mais ou menos.
O garçom retornou com os sucos, e após uns minutos Teresa reiniciou seu monólogo: _ Acho  que nasci em época errada, deveria ter vivido a era medieval, depois o explendor do Renascimento... e principalmente a fase do Romantismo com grandes escritores geniais e pintores ardorosos. Tem momentos que eu gostaria de retornar aos dias em que brincava de boneca e fazia xixi na cama!
Não resisti e quem saboreou o riso desta vez fui eu. Ela me olhou séria e afirmou: _ Maria não ria,  é sério. Acho que nunca contei à nenhuma amiga essa experiência com o Bolinha.
_ Quem é  Bolinha?
_  Um lindo passarinho que ficava no galho da Mangueira ao lado da janela de meu quarto,  piando e fazendo muito barulho. No início não tive curiosidade, por ser natural  vários pássaros sobre todas as árvores em meu quintal; mas aquele me pareceu especial e pulando a janela, subi na mangueira e ele continuou no mesmo galho sem se mexer. Comecei a me comunicar com o pequenino e ele virava a cabecinha de um lado para outro. Estiquei o braço para pegá-lo e percebi que faltava um pedaço da asinha. Pareceu-me estar cortada na ponta e dava instabilidade para o pássaro voar. Desci com cuidado para não cair e também não machucá-lo, pois o mesmo continuava preso em minha  mão esquerda. Voltei a meu quarto e fiquei deitada com ele em meu ombro, escondido em baixo de meus cabelos. Quando minha mãe voltou do curso de Decapê, uma textura muito usada na época em decorações de móveis, portas, janelas etc... Continuando, ela entrou em meu quarto e me encontrou dormindo.  Acordei assustada com seu grito; pois tinha visto só o rabinho da ave escondida  e tinha levado um impacto , pensando ser barata ou outra coisa, sei lá.
_ Não se mova Teresa, vou matar um bicho que está em você.
_ Mãe fique parada, este é o meu passarinho. Agora vou cuidar dele todos os dias.
_ Nada disso, ele pode passar piolho e doença para você .
_ Então vou dar banho nele para ficar desinfetado.
_ Teresa , não pode, ele morre.
_Nem fale isso mãe, eu já  vi como eles tomam banho quando estão em gaiola.O que eu posso dar de comer para ele?
Minha mãe pensou e respondeu: _ Faça papinha de miolo de pão com leite misturado em água.
 E assim os dias foram transcorrendo, eu oferecia  papinhas  e  uma caixa de sapato era   seu ninho com um tecido macio forrando sua cama; a vasilha com água ao lado da caixa e uma bandeja de plástico era seu banheiro. Iniciei com o alpiste e exagerei  muito, cada dia ele engordava mais e dei o nome de Bolinha  por esta razão.
Quando eu saía para estudar no período da manhã deixava tudo arrumado para ele. Minhas amigas iam sempre a tarde para minha casa  curtirem  o Bolinha. Era uma farra, acho até que o barulho assustava o pequenino, mas como não conseguia voar, tinha que ficar no meio daquele estresse com 4 meninas excitadas pela alegria de ter ali um pássaro sem rumo.
Ao completar 15 dias que Bolinha morava em nossa casa aconteceu  um fato a princípio trágico! Chegando em casa  vi minha mãe tensa  andando  de um lado para outro; veio ao meu encontro e  deu a notícia: _ Teresa aconteceu uma coisa com o Bolinha, acho que ele pode estar morto.
_ Como a senhora fala assim comigo?
Corri para meu quarto e vi o meu amigo esticado, durinho; comecei a chorar compulsivamente e minha mãe ao meu lado em desespero pela confusão. Corri para a cozinha e peguei um envelope de bicarbonato de sódio, misturei com água , usei um conta gotas para introduzir goela a dentro o líquido , sem saber porque fazia aquilo. Ficamos olhando para o Bolinha esperando alguma reação e a surpresa veio de forma cômica; ele tremeu, ouvimos expulsão de gazes e logo em seguida seu intestino funcionou  de forma intensa. Começamos a rir, mas sem tocá-lo e aguardando o grande final, vimos  ele ficar de pé .
A notícia como sempre foi espalhada e por um tempo fiquei sendo tratada como a heroína. A asa do meu querido já estava praticamente restabelecida e isso contribuiu para que o seu instinto o fizesse dar início a pequenos voos até tomar confiança e alçar maiores e demorados voos, deixando meu coração sempre apertado na expectativa de revê-lo. No início ele voltava, pois ficava sempre no quintal e era fácil encontrar sua árvore, mas com o tempo Bolinha conseguiu ultrapassar os limites do muro e nunca mais voltou. 
Foram dias de luto e tristeza, mas depois cheguei a conclusão que seria egoísmo meu continuar com ele em meu quarto ou na árvore ao lado da janela. Depois que aceitei sua partida os dias ficaram mais felizes e senti um alívio, uma tranquilidade.
_ Entendeu agora  que eu precisava  falar com alguém de confiança para analisar o comparativo que estou fazendo entre os dois , o Omar e o Bolinha?
Diante de meu novo espanto ela concluiu que ganhara uma cúmplice para continuar fazendo suas catarses a respeito de seu divórcio.A verdade se esconde entre as mentiras que vivemos sem saber.
São estórias como essa que aprendemos que a vida é e sempre será como você escolher . A criatividade e senso de auto estima de cada ser humano é o elo entre todos os diferentes olhares do mundo sobre o mundo, do eu para você, de alguns para nenhum, de sábios para os bravos,de homens para mulheres e vice-versa.
Nosso cotidiano é o maior palco existente para interpretarmos nossos personagens....

Ao saírmos do café tivemos a sorte do Sol ter voltado mansamente a brilhar e resolvemos ir para as areias da praia de Ipanema, andando descalças como duas adolescentes. Teresa sorria muito e gritava: _ Agora eu é que estou livre! Livre para voar e sonhar!



O  Por do Sol estava encantador, com vários Bolinhas voando livremente no horizonte.  Sentamos na areia absorvidas pela emoção de estarmos reencontrando na natureza a resposta para nossos conflitos. A realidade lírica que Teresa viveu no passado e o aprendizado da magia de saber viver Bem no presente. Tudo passa e,  temos que agarrar e guardar com maestría todas as alegrias que um dia experimentamos; assim nossa vida fica mais expressiva e  nos sentimos gratos por estarmos Vivos e com a Esperança sempre brotando em nossos corações. 

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