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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Uma Borboleta chamada LILI!

"Esta borboleta da foto é exatamente como a criaturinha que viveu 17 dias junto comigo, em minha casa , onde passei  a infância e parte de minha juventude." ( Mercedes) 

Mercedes tinha 17 anos e como sempre vivia dentro de um casulo de sonhos. Neste dia ela estava no pequeno jardim  de sua casa quando deparou com a borboleta caida no chão. Chegou perto da pequenina e ao tentar pegá-la, Lili deu um ligeiro sobrevôo sem muita força. Olhando mais perto  sentiu que ela se esgueirava pelo chão com certa dificuldade. Não resistiu e num clique teve uma idéia, a princípio sem muito fundamento, mas que deu certo: correu para o quarto e espalhou pelos braços e mãos uma colônia floral e retornou ao jardim, com uma ansiedade inquietante. Lá estava a linda borboletinha quieta à sua espera (seria mesmo?). Lentamente aproximou sua mão direita chegando bem próximo da escolhida e ficou surpresa, pois ela esticou sua trompa e tocou em sua pele; insistiu mais um pouco com a  forte essência de flôres e conseguiu que ela se apoiasse em seu dedo e ficasse ali como se fôsse um porto seguro.
Sua mãe a chamou  e a menina  foi ao seu encontro com a borboleta no dedo, admirando-a com um encantamento sobrenatural.
_ O que é isso Mercedes? Se você tocar em seus olhos sem lavar as mãos pode ficar cega! Resmungou sua querida mãe D.Rosa, sempre surpresa com suas atitudes.
_ Mãe , eu só salvei a borboleta da morte e  ela vai ficar aqui em casa para que eu possa cuidar dela.

Sem saber direito como agir, foi sendo levada por instintos e impulsos  de quem tem a mente impregnada por magias. Retirou do armário um pirex grande e colocou água com  gêlo e galhos finos com minúsculas Flôres ricas em Pólen. Para decorar melhor a pousada para a visitante, decorou o pirex com algumas pedras  lavadas e limpas em diversas côres, para Lili ficar mais confortável. Assim os dias  transcorriam com muitas alegrias e surprêsas: todos os dias ao voltar do colégio, molhava os braços e mãos com a colônia, colocando a preciosa criaturinha nos dedos e saía para a casa de suas amigas  para colocar Lili em seus jardins, com muitas rosas e todo tipo de flôres para que ela pudesse se alimentar.
Em pouco tempo todos da rua que ela morava já sabiam que Mercedes tinha  a borboleta e, seguiam seus passos para participar da brincadeira. Era uma verdadeira maratona, pois Lili tinha atitudes de independência e voava para árvores baixas e lá estava sua protetora subindo nos frágeis galhos para descer com a levada Lili ! Uns não entendiam como isso acontecia, outros achavam coisa de bruxaria. D. Rosa foi ao padre da paróquia da pequena cidade para lhe fazer perguntas sobre o caso e, voltou para casa com informações estúpidas: Isto pode ser coisa do demônio....Isto pode ser falta de uma psicóloga, etc...etc...
Imagino a expressão de pavor que ele causava a mãe de Mercedes. Naquela época as superstições eram muitas; ouvia-se contos que poderiam ser de Amor encarados como Terror. A  sutileza de alguns acontecimentos de frágil beleza e intensidade lírica, tornavam-se verdadeiros Cáos àquelas mentes sem sensibilidade artística e amor pela rica natureza animal, vegetal e mineral.
Acho  que sempre existirão pessoas intensas, criativas, fortes e, outras, vazias, ocas e infelizes. É a vida como ela é, cada um dentro de seu casulo.
Mercedes viveu com intensa  felicidade os 17 curtos dias de vida de nossa protagonista. Um domingo ela levava nos dedos sua companheira para se alimentar nos jardins alheios, quando foi surpeendida com dor profunda ao ver Lili, já recuperada, sair voando para a calçada do lado oposto da rua e cair na direção que um senhor passava . Deu um grito para que o homem não pisasse na mesma, mas era tarde... ele olhou espantado para Mercedes e levantou os pés. Ela correu aos prantos ao encontro de Lili e ela já estava muito fragilizada.Com toda essa confusão, D. Rosa já estava no portão, vários conhecidos paravam para ver o acontecido e, a sonhadora  Mercedes tendo a borboleta nas mãos chorava convulsivamente. Entrou em casa correndo tentando reanimá-la de todas as formas a nao teve sucesso.
Os dias se passaram e quando a dor amenizou, Mercedes retirou da caixinha sua Lili e começou a fazer um trabalho que ela denominou como arte antiga: pingou vela derretida em toda a extensão das asas e do corpo com pupurinas coloridas, deixando Lili como uma escultura de cêra. 
Os anos se passaram e quando Mercedes  mudou-se para o Rio de Janeiro aos 20 nos de idade, trouxe com ela a caixinha e Lili,dando-lhe  um local para  um descanso eterno; enterrando-a  num canteiro transbordando de flôres magníficas no Jardim Botânico da cidade.
Fatos como este dão poesia a vida e à morte, aos dias e noites nesta nossa passagem pelo Planeta Terra.!!!!!!!!


Deve sempre existir dentro de cada um de nós o Amor e Respeito por tudo que remete  Leveza  e Poesia em nossas Vidas!!! 

2 comentários:

  1. Olá, querida Márcia!
    Estou adorando o seu blog!
    Quanta sensibilidade...O espaço está a sua cara. Ao ler, pareço escutar a sua voz! As fotos também estão fantásticas. Parabéns e continue postando. Beijos saudosos...Marluci

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  2. Obrigada, fico muito feliz com seus comentários. Bjs

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